segunda-feira, 23 de novembro de 2009

0 COMO RECEBER UM FILHO PRÓDIGO

A parábola do capítulo quinze do Evangelho de Lucas enfatiza a busca de Deus pelo filho perdido. Todos os pais podem extrair lições dessa parábola com base no modelo que Deus, como pai, deixa para nós, enquanto Ele mesmo procura Seu filho perdido.

Na primeira parte da parábola (vs. 3-7), podemos ver a importância que Ele dá ao filho perdido, representado pela ovelha. Na segunda parte (vs. 8-10), vemos o modo de encontrar o filho perdido, dessa vez representado pela dracma. Na última parte da parábola (vs. 11-24), porção que será considerada agora, veremos em que condição fica um filho perdido, o que pode provocar seu retorno ao lar e como os pais devem recebê-lo de volta.

“Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu...” (vs. 11-13a). A observação do filho mais moço de que pode conduzir a própria vida é uma característica marcante na fase adolescente. Embora a convicção do moço fosse grande e ele estivesse munido de sua herança, não demorou tanto para perceber a face cruel do mundo. “Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade” (v. 14). A primeira fase da relação dos filhos com o mundo é de prazer; a segunda fase é de fome e de necessidades profundas.

Os filhos não sabem que na “terra distante” não há verdadeiros amigos, não sabem que os bens se dissipam como nuvens nem que a própria vida está sendo consumida. Há milhares de adolescentes que, por ignorarem os conselhos dos pais e por não desconfiarem do que está por trás deste “mundo maravilhoso”, hoje, estão nos “campos guardando porcos” e desejando as “alfarrobas” que eles comem. Há sempre um efeito decorrente de nossas atitudes, principalmente, quando elas são tolas.

“Então, caindo em si...” (v. 17) – esse versículo denota que o estado de um filho dado aos prazeres do mundo é de embriaguez, ilusão e loucura. Os pais, de um modo geral, precisam entender que os filhos não sabem contabilizar o que têm, não sabem quanto os pais os amam, não sabem o valor das coisas, tampouco que a casa onde moram é o melhor lugar. Muitos filhos, infelizmente, só são iluminados acerca das valiosas coisas que os cercam no instante em que vêem suas vidas enlameadas.

Esperamos que os filhos que deixaram suas casas, ou que estão perdidos dentro da própria casa, possam voltar ao estado de lucidez. Esperamos que os filhos percebam que o lugar onde estão não é o melhor lugar, que os amigos, às vezes considerados melhores que os irmãos e pais, não são tão bons assim; esperamos que percebam que a mágoa que estão alimentando contra os pais não faz sentido algum, que o envolvimento com drogas, meretrizes e coisas do gênero precisa chegar ao fim; esperamos, ainda, que descubram que o vazio que há dentro deles só pode ser enchido com Deus e por Deus.

Cabe aqui uma pergunta: O que levou o filho a cair em si? Podemos inferir do texto dois motivos. O primeiro é a expectativa e a oração incessante dos pais pelo retorno do filho (v. 20). Os pais jamais podem deixar de esperar e orar pelos “filhos perdidos”, não importa o que eles estejam fazendo, quão envolvidos estejam com os “porcos e alfarrobas”, quão magoados possam estar, quão silenciosos e introspectivos estejam. Pai, não desista de seu filho, mesmo que a última conversa não tenha sido muito proveitosa ou tenha terminado em desaforos, ainda assim, não importa. Continue esperando e orando a Deus Pai, pois, fazendo assim, um dia seu filho irá cair em si e “voltar para casa”. O segundo motivo são os valores que o pai implantou no filho (v. 29). Desde cedo, os valores morais, éticos e, sobretudo, os valores espirituais precisam ser cultivados nos filhos. Embora os filhos fujam ou se enfurnem no quarto, esses valores, uma hora dessas, farão soar o toque de recolher, como uma voz que diz: “O que faz aqui no meio dos porcos? Você nasceu para as coisas do alto, para ter uma vida plena! Levante-se, saia daí e regresse ao lar.”

Os filhos, quando regressam, são tomados por um estado de timidez, vergonha e de se sentirem acusados (vs. 18, 19, 21). Os pais precisam estar preparados para levantar a cabeça deles. Embora os filhos venham com promessas de mudanças, os pais devem fazê-los calar e tão-somente ver com complacência o mocinho que achava entender tudo. Na parábola, quando o pai viu o filho amado, sentiu uma forte comoção interior, e isso o fez correr, abraçar e beijar o filho. Essa atitude revelou ao filho o amor incondicional do pai por ele. Quando o pai o vestiu com as melhores roupas, pôs um anel em seu dedo, deu a ele sandálias e serviu-lhe um novilho cevado, o filho estava sendo recebido, a despeito de tudo que fizera, com honras e amor (vs. 22, 23). O amor incondicional é capaz de quebrar as rochas que há no coração do homem, e as lágrimas são capazes de lavar o filho perdido de toda a lama do passado.

Há uma alegria, um júbilo indescritível quando um pai vê o filho que se perdeu de volta ao lar!

Texto extraído da secção "Corre e Fala a este Jovem" do Jornal Árvore da Vida (www.arvoredavida.org.br/jav)

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